sexta-feira, 1 de maio de 2009

FALTA PROFESSOR DE SOCIOLOGIA EM CRATO

Sociologia

(01/05/2009)


Uma luta de mais de 15 anos para a implantação de um projeto, que passou a ser lei no País, voltado ao ensino da Sociologia no ensino médio. Hoje, um dos responsáveis pela luta na reintrodução do ensino, o professor aposentado Nelson Tomazi, esta abordando o tema durante o XIV Encontro Norte e Nordeste de Estudantes de Ciências Sociais, que acontece no auditório do Cine Educadora, no Crato, reunindo cerca de 600 estudantes, de pelo menos 33 universidades das regiões. O encontro está sendo realizado por meio dos estudantes do curso de Ciências Sociais da Universidade Regional do Cariri (Urca). A temática principal é "Romarias ao Cariri: Fé, Cultura e Política do Povo Nordestino". Ontem pela manhã, o assunto foi debatido por diversos pesquisadores e estudantes.

O paranaense Nelson Tomazi, diz que tem sido uma queda de braço, dentro das próprias universidades, discutir o tema. Encontrou no ambiente acadêmico o principal foco de resistência, mas há outros. A disciplina passou a ser obrigatória esse ano, mas a grande dificuldade tem sido a falta de professores para o ensino e a ausência de concursos. Ele ressalta ainda a resistência das escolas particulares na medida.

O assunto relacionado à aplicação do ensino da Sociologia no ensino médio é um dos mais palpitantes por parte dos estudantes e estudiosos do assunto. Mas, Tomazi ressalta que "será essa moçada que vai mudar alguma coisa relacionada à aplicabilidade da Sociologia no ensino, que alguns ainda vêem como uma disciplina desnecessária", diz ele. Há muitos sociólogos formados no Brasil, grandes nomes como Florestan Fernandes, que precisam ser do conhecimento desses novos formandos da graduação.

Ele ressalta que a dificuldade é situar, em vários níveis da grande discussão dentro da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), se a Sociologia no ensino médio é interdisciplinar ou não. O curso de Ciências Sociais, ao longo dos anos, não formou licenciados. Os profissionais não foram formados para a sala de aula. Por isso, não há tantos disponíveis no mercado para assumirem classes.

Maior conquista

Ele cita a queda da Sociologia em 1942, com a reforma Capanema, ultrapassa toda a fase da ditadura Vargas. "Não é a ditadura militar que vai tirar a Sociologia do ensino, ela não existia", afirma Tomazi. O docente classifica como a maior conquista, a obrigatoriedade e um tempo de adaptação que será dado para as escolas poderem começar a absorver os profissionais da área.

O reitor da Urca, professor Plácido Cidade Nuvens, destacou, durante a abertura do encontro, os trabalhos a serem desenvolvidos como foco de estudo, tendo a região do Cariri como referencial teórico e prático, lembrando das romarias do Padre Cícero e da Festa de Santo Antônio, em Barbalha, com o pau da bandeira.

A diretora do Departamento de Ciências Sociais da universidade, professora Gislene Farias, ressaltou o crescimento da área de Ciência Sociais na universidade. Prova disso, segundo ela, é a realização de um evento do porte do Erecs. Para a representação estudantil, o encontro demonstra um momento para se debater também a política e os movimentos populares. Tanto é que hoje, feriado nacional, será realizado ato público com a participação dos integrantes do evento nas ruas do Crato, com manifestações na área da Rffsa.

O encontro conta com grandes nomes da Sociologia e estudiosos na área da religiosidade, de várias universidades. Ontem pela manhã, foi realizada mesa redonda com o tema que inspira o encontro. Estiveram presentes os estudiosos Luitigarde Barros, Renata Marinho Paz e Antônio Braga.

Também participaram das palestras e debate os professores Marcos Costa Lima, da UFPE, que fará abordagem sobre Políticas Internacionais; Joselina Silva, da UFC Cariri - trará como tema "Etnicidade"; e Carmem Izabel Rodrigues, que ministrará palestra sobre as "Festas Populares na Amazônia: tradições festivas, mestiças, modernas". A professora Paula Cordeiro encerra o ciclo de palestras da programação do dia, com o tema "A Formação do Cientista Social".

O encontro visa congregar todas as escolas de Ciências Sociais do Norte e Nordeste em um espaço que propicie a troca de experiências nas pesquisas antropológicas, sociológicas e políticas e nas lutas em melhoria dos cursos, das universidades e da sociedade.

O evento é um espaço, também, de caráter deliberativo quanto ao desenvolvimento do Movimento Estudantil nas Ciências Sociais. Por isso, a assembléia final do encontro aponta as bandeiras de luta levantadas em caráter regional. As demandas regionais serão encaminhadas para o evento nacional da área.

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